Resultado das análises
Rio Guaporé
Concentrações de Fósforo total, Nitrogênio total e nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato nas amostras do rio Grande – Dr. Donato Seiji Abe, IIE, São Carlos
O ponto G-01, localizado na nascente do rio Guaporé, apresentou os mais baixos valores de fósforo total (2,91 g-P/L) e de nitrogênio total (122,16 g-N/L), o que demonstra o bom estado de conservação naquele local. Deste ponto até o ponto G-06, localizado à jusante da Serra da Borda, o rio foi classificado como oligotrófico (Figura 3), apesar de apresentar concentrações moderadas de nitrogênio amoniacal nos pontos G-05 e G-06, possivelmente sob influência do aporte de esgotos domésticos do município de Pontes e Lacerda. Já na extensão entre o ponto G-07 (Buritizal) e o ponto G-20 (montante de Porto Rolim), o rio Guaporé apresentou-se como mesotrófico. Os tributários nesse trecho, porém, como os rios Sararé, Verde e Cabixi, foram classificados como oligotróficos, apesar deste último apresentar concentração relativamente elevada de nitrato (183,20 g-N/L), possivelmente resultante de atividade agrícola na bacia. Após a confluência com o rio Mequéns, o qual foi classificado como oligotrófico, o rio Guaporé volta a se apresentar como oligotrófico até o ponto G-27, localizado à montante da cidade de Costa Marques. Do ponto G-29 a G-31, o rio Guaporé volta a apresentar-se como mesotrófico, após receber as águas dos rios Baurés e Itonamas, localizados no território boliviano. Já o ponto G-32, localizado no rio Mamoré junto à foz do Guaporé, foi classificado como eutrófico, no qual se observaram os mais altos valores de fósforo total (140,97 g-P/L), de nitrogênio total (727,95 g-N/L) e de nitrato (255,86 g-N/L). A razão dessas elevadas concentrações no rio Mamoré se deve à intemperização das rochas na região das Cordilheiras dos Andes, onde está a sua nascente, ou seja, por fatores naturais de eutrofização. Este fato pode ser confirmado pelas elevadas concentrações de outros íons, como fluoreto, cloreto e sulfato, características de águas brancas originárias da região andina.
Os resultados no rio Guaporé demonstram que o rio se apresenta em estado bom a moderado de eutrofização.
Bacterioplâncton – Dr Rodolfo Paranhos, UFRJ
Durante a campanha do rio Guaporé, os valores de abundância de bactérias aquáticas oscilaram entre um mínimo de 1,19 milhões a um máximo de 7,55 milhões de células de bactérias por mililitro de água. Este menor valor de 1,19 milhões foi registrado na nascente do rio, e esteve de acordo com os resultados químicos, que indicaram este local como dos mais prístinos de todo o trecho investigado. Daí em diante, os valores apresentaram moderada variabilidade (coeficiente de variação de 37), com níveis de bacterioplâncton entre 2 e 5 milhões de células por mL e uma média geral de 4,05 milhões de bactérias por mL. Os valores de abundância bacteriana foram considerados como relativamente altos, o equilíbrio na proporção entre células grandes (em geral 60%) e pequenas (40%) pode indicar equilíbrio do ecossistema e que suas condições não parecem sugerir eutrofização neste rio.
A foz do rio Guaporé foi considerada mesotrófica pelo alto valor de fósforo total (141 µg/L), mas a abundância de bactérias observada (3,79 milhões por mL) não foi das mais altas obtidas nesta campanha. Porém é interessante notar que neste ponto de coleta a maior parte das bactérias (82%) é de células grandes a ativas, o que esta de acordo como o estado trófico deste local.