Resultado das análises
Rio Ibicuí
Veja abaixo os textos dos pesquisadores que analisaram as amostras coletadas no Rio Ibicuí (RS) em abril de 2007.
Concentrações de Fósforo total, Nitrogênio total e nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato nas amostras do rio Grande – Dr. Donato Seiji Abe, IIE, São Carlos
Baseada na concentração de fósforo total, a maior parte dos pontos amostrados no rio Ibicuí e em alguns de seus tributários foi classificada como mesotrófica.
Porém, cinco pontos foram classificados como eutróficos, tais como o IB-01, localizado no rio Ibicuí-Mirim, um de seus formadores, bem como alguns dos seus tributários, como o IB-07, localizado no rio Santa Maria, que recebe esgotos domésticos do município de Rosário do Sul, cuja população é de 41 mil habitantes, e o IB-15, localizado no rio Ibirapuitã. O ponto IB-08, localizado no rio Itapuí e à jusante do rio Santa Maria, também foi classificado como eutrófico devido à influência do aporte fósforo total por aquele tributário. O ponto IB-15 apresentou, também, elevada concentração de nitrogênio total, principalmente na forma de nitrogênio amoniacal e nitrato, um indicativo do aporte de esgotos domésticos do município de Alegrete no rio Ibirapuitã, cuja população é de 88 mil habitantes. Já o ponto IB-20, localizado no rio Uruguai junto à foz do rio Ibicuí, apresentou concentração máxima de nitrogênio total, representado quase que exclusivamente pelo nitrato. A elevada concentração de nitrato no rio Uruguai já é bem conhecida, e foi verificada no Projeto Brasil das Águas em uma amostragem realizada com o avião anfíbio Talha-mar em janeiro de 2004. As elevadas concentrações de nitrato no rio Uruguai foram atribuídas à intensa atividade agrícola e à suinocultura na bacia.
Por outro lado, dois pontos foram classificados como oligotróficos: o ponto IB-10, localizado no arroio Inhacundá, e o ponto IB-14, localizado no rio Ibicuí, a jusante do encontro com o rio Itu. Nesses mesmos pontos foram observados os menores valores de nitrogênio total, o que demonstra que a bacia do arroio Inhacundá e do rio Itu encontram-se, ainda, em bom estado de conservação.
Análise quantitativa da comunidade fitoplanctônica – Maria do Socorro Rodrigues – UNB, Ina de Souza Nogueira- UFG, Elizabeth Cristina Arantes de Oliveira
As algas foram coletadas na superfície da água, fixadas com solução de lugol e analisadas ao microscópio óptico para identificação até nível de espécie, quando possível, com auxílio de literatura especializada. A determinação da densidade dos organismos fitoplanctônicos foi feita mediante o uso de microscópio invertido.
Resultados:
As algas analisadas no Rio Ibicuí em seus diferentes trechos foram distribuídas em 8 classes: Chlorophyceae, Bacillariophyceae, Dinophyceae, Zygnemaphyceae, Cyanophyceae, Xanthophyceae, Euglenophycea e Cryptophyceae.
O total de 63 táxons foram encontrados nos vinte pontos investigados. A classe mais representativa foi a das diatomáceas com 26 táxons. A algas verdes contribuíram com 24 táxons. As demais classes Zygnemaphyceae, Euglenophyceae e Cryptophyceae não excederam mais do que três espécies de algas em cada uma delas. As Dinophyceae e Zygnemaphyceae foram representadas com apenas um táxon. As Cryptophyta são em sua maioria formadas por organismos unicelulares e flagelados e são especialmente abundantes em águas oligotróficas.
Em termos de riqueza, o ponto Rio Santa Maria, a montante da foz do Ibicuí, foi o mais rico em algas (23 espécies). Os pontos Rio Ibicuí-Mirim, a montante do encontro com o Arroio Inhacundá e a jusante de Manoel Viana ambos apresentaram riqueza de onze espécies de algas. Os trechos com baixa riqueza (5 táxons) foram Rio Toropi, alto Ibicuí e na foz (Rio Uruguai).
Quanto à densidade de organismos fitoplanctônicos (Figura 2) o Rio Santa Maria e montante do encontro com o Arroio Inhacundá foram os que apresentaram maiores densidades com 543.981 indivíduos/mL e 312.500 indivíduos/mL, respectivamente
A ocorrência das cianofíceas se deu apenas nos pontos alto Ibicuí (12.500 indivíduos/mL), Fazenda do Genmar (11.574 indivíduos/mL) e a jusante de Manoel Viana (10.776 indivíduos/mL) com densidades em torno do mínimo permitido pela legislação que regulamenta a densidade dessas algas para consumo humano (portaria 518/04).
A diversidade das algas variou entre 0,7 bits/indivíduo (ponto Mariano Pinto) a 2,7 bits/indivíduo no ponto “Buraco do Louco”. Diversidade acima de 2,5, numa escala de 0 a 5 bits/indivíduo são indicadoras de sistemas aquáticos saudáveis.
Observação: Dentre os vinte pontos analisados o ponto IB 7 (Rio Santa Maria) foi o que apresentou maior riqueza de algas e densidade em função do aporte de esgotos do município de Rosário do Sul com população de 41.000 habitantes. Dos três pontos que apresentaram a ocorrência de cianofíceas dois deles foram classificados como mesotróficos (alto Ibicuí e jusante Manoel Viana) e apenas um como eutrófico (Fazenda do Genmar). Recomenda-se o monitoramento ao longo de diferentes épocas do ano dos trechos com cianofíceas para verificar a variação da densidade dessas algas.