Rio Ribeira (PR/SP)
Entre os rios Doce, Preto e Ribeira, espalhados pelo sudeste do país, o escolhido para os estudos do projeto foi o Rio Ribeira de Iguape, na Região Hidrográfica Atlântico Sudeste.
O sobrevoo de toda a extensão do rio, para o levantamento fotográfico do projeto, foi realizado em 9/10/2006. A equipe percorrereu o rio por terra e lancha entre 5-11 de novembro de 2006. A decepção foi encontrar as águas tão baixas que somente foi possível colocar o barco no rio em Registro. As experiências dessa viagem podem ser seguidas pelo Diário de Campo. Veja também a Galeria de Fotos do rio. Se quiser saber sobre as análises das amostras de água coletadas durante a expedição, veja aqui em Resultados.
CARACTERÍSTICAS DO RIO RIBEIRA DE IGUAPE
O Rio Ribeira de Iguape, formado pela confluência dos rios Ribeirinha e Açungui no estado do Paraná, a menos de 100 km de Curitiba, é um rio de contrastes. Em seu curso superior, segue um caminho caudaloso entre montanhas, passando por pequenas cidades pacatas, a procura de uma saída para o mar. Procurado pelos adeptos aos esportes radicais, suas águas são turbulentas são perfeitas para a prática de rafting. Uma vez vencida a Serra do Mar, o rio cruza lentamente a planície costeira, desembocando no oceano em Barra do Ribeira (SP), próximo a Iguape.
Com seus 470 km de extensão, o Ribeira é o maior rio ainda “vivo” que passa por terras paulistas, ou seja, que não tem barragens. Nas suas margens, vivem pequenos agricultores, quilombolas e comunidades indígenas. A região abrange os maiores pedaços remanescentes da magnífica Mata Atlântica que, no passado, estendia sobre quase todo o litoral brasileiro. Apesar de sua proximidade a dois dos maiores capitais industrializados do país – Curitiba e São Paulo –, o Vale do Ribeira foi convenientemente esquecido no tempo. A densidade populacional da região é baixa, sendo que a economia dos municípios é atrelada à agricultura familiar.
Atualmente paira no ar do vale uma turbulência que não se refere à agitação de suas águas. Pelo contrário, trata-se de projetos que pretendem paralisá-las. O rio virou alvo da expansão industrial com a projetada instalação de quatro usinas hidrelétricas. Segundo alguns representantes dos movimentos sociais e ONGs, entre outras entidades locais, a instalação das hidrelétricas poderá destruir o rico patrimônio socioambiental da região, trazendo conseqüências negativas para o Vale, seus moradores e sua natureza abundante.
Porém, apesar da insistência dos que querem inundar o vale, não é o que os moradores desejam, sentimento expresso nos recentes audiências públicas com respeito à construção da represa Tijuco Alto nas cidades ribeirinhas. O MPF recomenda ao IBAMA, então, que novos estudos sejam feitos. Como o projeto de Tijuco Alto é antigo, desde os estudos iniciais o conceito de construir represas gigantes, causando enormes estragos ambientais e infelicidade na população local, já é considerado ultrapassado em favor de pequenas barragens mais eficientes e menos impactantes. Um paredão de 142 metros de altura (equivalente à altura de um prédio de 47 andares!), formando um lago com 52 km de extensão no vale profundo que, por sinal, é ricamente coberto de remanescentes da Mata Atlântica, pode ser considerado um exagero nos dias de hoje nesse local.
Há um bom potencial turístico no Vale do Ribeira, com múltiplas atrações como bóia-cross, cavernas (na região de PETAR, perto de Iporanga), trekking etc. Porém, o rio sofre degradação pelos impactos humanos e o desmatamento continua em ritmo acelerado.
Bacia hidrográfica: É um rio brasileiro que compõe a Bacia Ribeira e atravessa a Serra do Mar
Extensão: 470 km
Trecho navegável: Era navegável desde o mar até a cidade de Registro, que abriga um importante porto
Principais cidades: Este rio nasce em Iporanga, próximo à divisa com o Paraná e passa por Eldorado, Sete Barras e Registro
Percorre os estados de: São Paulo
Período de estiagem: A região apresenta um clima tropical quente, com altas temperaturas no verão. Uma particularidade sobre este rio é que foi construído um canal em sua foz, que reduziu seu percurso e acabou por assoreá-lo
Período de chuva: Temperaturas amenas no autono e inverno, com altas precipitações
Unidades de Conservação: O Vale do Rio Ribeira foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade, em 1999 e abriga boa parte de Mata Atlântica em seu território. Nesta região, estão situados o Parque Estadual do Rio Ribeira, Parque Estadual da Ilha do Cardoso, Parque Estadual de Jacupiranga e Estação Ecológica Juréia-Itatins
Links relacionados ao rio:
Unidades de Conservação no Vale do Ribeira: http://www.abavar.com.br/vale.htm
Rede das Águas: www.rededasaguas.org.br
Instituto Socioambiental – Programa Vale do Ribeira
Frente de Apoio ao Vale do Ribeira: http://www.ocarete.org.br
Campanha para recuperar as matas ciliares do Ribeira. Se você morar na região, participe! Cilios do Ribeira
Turismo no Vale do Ribeira:
Praia Secreta Expedições (rafting e canoagem): www.praiasecreta.com.br
Informações sobre PETAR – Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira: www.petaronline.com.br
Estação Ecológica Juréia – No wikipedia e no blog Estação Ecológica Juréia Itatins
PowerPoint – Palestra Rio Ribeira (Obs. 4.5 Mb)
Ao clicar na imagem à esquerda, você pode fazer o download da palestra sobre o Rio Ribeira, mostrado às comunidades ribeirinhas durante a expedição em novembro 2006.
Links relacionados à nossa expedição no Ribeira de Iguape:
Diário de Campo
Galeria de Fotos
Resultado das análises das amostras coletadas
Relatório final do sobre o Rio Ribeira (PDF – 6.5 MB)
NOTÍCIA – 11 de Abril de 2008
Caros pesquisadores, cientistas e técnicos,
A Frente de Apoio ao Vale do Ribeira em São Paulo foi criada no dia 14 de março de 2008 para fortalecer o movimento em defesa do rio Ribeira de Iguape e para mostrar ao estado de São Paulo e ao Brasil que a manutenção deste, que é o último rio de médio e grande porte do estado de São Paulo que não apresenta barragem de Usina Hidrelétrica, é a melhor alternativa para o desenvolvimento social e para o equilíbrio ambiental da região. Esta articulação na capital paulista e em outras cidades se deveu em grande parte à repercussão que teve a manifestação do dia 12 de março, onde cerca de 400 pessoas ocuparam de forma pacífica o saguão da Superintendência do IBAMA, na cidade de São Paulo. Entre os presentes, estavam as comunidades quilombolas e caiçaras do Vale do Ribeira, além de diversos apoiadores e simpatizantes, que se somaram ao movimento.
Após 20 anos de resistência contra a construção desta barragem, os movimentos sociais e ambientais do Vale do Ribeira conseguiram furar o bloqueio que havia na grande mídia para esta questão, visto que o empreendimento citado é de iniciativa privada e interesse exclusivo da Companhia Brasileira de Alumínio, braço empresarial do Grupo Votorantim, cujo dono é o empresário Antônio Ermírio de Moraes, considerado segundo critérios financeiros, o homem mais rico do Brasil. Sua fácil circulação pelos grande conglomerados de mídia, aliado aos diversos anúncios da Votorantim em veículos como Veja, IstoÉ, Época, Folha de São Paulo, Globo e Estado de São Paulo, tem dificultado a divulgação mais ampla desta luta. Entretanto, a revista semanal Carta Capital publicou nas últimas semanas uma reportagem especial sobre o Vale do Ribeira e a Barragem de Tijuco Alto, apresentando a questão de forma honesta e ponderada. Esta e outras reportagens (baseadas no Estudo de Impacto Ambiental) esclarecem que não existe nenhum interesse público na construção desta barragem, já que ela enviaria energia unicamente para o complexo metalúrgico da empresa, na cidade de Alumínio, região de Sorocaba.
O Rio Ribeira de Iguape nasce no Estado do Paraná (município de Cerro Azul) e desemboca no estado de São Paulo (município de Iguape), sendo portanto, um rio federal. Ele passa por um singular trecho de Mata Atlântica, se avizinha de cavernas de importância turística, e nutre tanto os peixes do rio como as pessoas que dele dependem. Desta forma, qualquer alteração na vida deste rio, alterará a vida das pessoas, sem nenhum benefício público. Mesmo assim, o IBAMA (órgão licenciador) divulgou um parecer técnico favorável ao empreendimento, o que indignou os moradores do Vale representados pelos seus movimentos sociais. Esta posição dos técnicos do IBAMA foi um dos motivos da manifestação de 12 de março. Este protesto forçou um acordo entre estes movimentos e a presidência do IBAMA, que garantiu não emitir a Licença Previa até que sejam respondidos todos os questionamentos feitos pela população do Vale do Ribeira. Esta população vê no Ribeira muito mais do que um simples rio ou uma fonte inesgotável de recursos, mas sim equilíbrio ambiental e identidade cultural para a região. Além disto, suas populações ribeirinhas, quilombolas, indígenas e caiçaras têm outras visões e práticas de desenvolvimento, que não aquele a qualquer custo, mas aquele em direção a sustentabilidade ecológica.
Diante disto, solicitamos encarecidamente que leia a (a) Carta Aberta aos Pesquisadores e responda a curta (b) Entrevista on line, que estão anexados a esta Carta de Apresentação. Além disso, é disponibilizada uma (c) coletânea de links da internet, que podem ajudar o leitor a aprofundar a questão e se posicionar melhor acerca dela. Na Carta Aberta, um texto-base de apenas sete páginas, os diversos problemas e situações que motivam a resistência da população do Vale – e agora esta Frente de Apoio – são discorridos e detalhados de forma que os pesquisadores que ainda não conhecem a questão possam se posicionar a curto prazo, mas também se aprofundar de forma que seja possível emitir um parecer técnico-científico sobre a tentativa de construção desta Usina Hidrelétrica, a médio e longo prazo.
Agradecemos a sua atenção e pedimos que divulguem esta mobilização,
Atenciosamente, FRENTE DE APOIO AO VALE DO RIBEIRA EM SÃO PAULO
Responder para apoioribeira@gmail.com ou para apoioribeira@yahoo.com.br
Depoimentos de internautas:
ANDRÉ ALONSO, São Paulo, 14/01/2007
Estive ontem andando de carro por uma estradinha que vai de Itapirapuã Paulista até Ribeira, às margens do belíssimo Rio Ribeira de Iguape, e hoje posso dizer que fiquei realmente desapontado em saber, por meio do seu site, que a CBA vai construir uma barragem na região. E, coincidentemente, neste próximo mês de março, eu devo ir visitar a Costa Rica… Como vc menciona no site, temos aí um belo exemplo de um país que transformou a conservação ambiental num meio de vida pros seus habitantes. Reitero meu agradecimentos pelo trabalho que vocês estão fazendo. Considerem-se meus amigos.
Maria Cristina de Albuquerque, São Paulo, 6/3/2007
Faço parte de um grupo que estuda cavernas na região do Vale do Ribeira de Iguape, GPME – Grupo Pierre Martin de Espeleologia e estamos muito preocupados com a ameaça da construção da Barragem Tijuco Alto no Rio Ribeira de Iguape. Não podemos permitir que uma região declarada Patrimônio Natural da Humanidade em 1999, que abriga 2,1 milhões de hectares de florestas – 21% dos remanescentes de Mata Atlântica de todo o País -, 150 mil hectares de restingas e 17 mil de manguezais, seja ameaçada, sofra alterações significativas, irreversíveis, para atender interesses de grupos econômicos. O que podemos fazer? Sabemos que o IBAMA está prestes a conceder o licenciamneto ambiental.