Resultado das análises
Rio Verde
Concentrações de Fósforo total, Nitrogênio total e nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato nas amostras do rio Grande – Dr. Donato Seiji Abe, IIE, São Carlos
O rio Verde apresentou, em todos os pontos amostrados, valores muito baixos de fósforo total, nitrogênio total e de nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato. A partir das concentrações de fósforo total, cujos valores estiveram sempre abaixo de 10 µg-P/L, todos os pontos foram classificados como oligotróficos. Além dos baixos valores de nitrogênio e fósforo, os valores extremamente baixos de cloreto e sulfato, cujas médias foram 0,05 mg/L e 0,02 mg/L, respectivamente, estão relacionados à geologia da bacia, que tem suas águas provenientes de áreas caracterizadas por sedimentos terciários de material oriundo dos escudos pré-cambrianos altamente lixigiados e geoquimicamente muito pobres, característica da região central do Brasil.
Com relação ao nitrato, verifica-se um aumento da nascente para a foz, possivelmente resultande de atividades antrópicas, como agricultura e pecuária, porém, em escala moderada.
Tais resultados conferem ao rio Verde como o rio menos impactado dentre os rios estudados ao longo do projeto, por estar situado em uma região ainda bem preservada do território brasileiro.
Análise quantitativa da comunidade fitoplanctônica – Maria do Socorro Rodrigues – UNB, Ina de Souza Nogueira- UFG, Elizabeth Cristina Arantes de Oliveira
As algas foram coletadas na superfície da água, fixadas com solução de lugol e analisadas ao microscópio óptico para identificação até nível de espécie, quando possível, com auxílio de literatura especializada. A determinação da densidade dos organismos fitoplanctônicos foi feita mediante o uso de microscópio invertido.
As algas analisadas no Rio Verde, em seus diferentes trechos, foram distribuídas em 8 classes: Chlorophyceae, Bacillariophyceae, Dinophyceae, Zygnemaphyceae, Cyanophyceae, Crysophyceae, Euglenophycea e Cryptophyceae.
O total de 34 táxons foram encontrados nos quinze pontos investigados. A classe mais representativa foi a das Chlorophyceae com 12 táxons. As diatomáceas contribuíram com 8 táxons e as Zygnemaphyceae com 7. As demais classes Cyanophyceae, Crysophyceae, Euglenophycea e Cryptophyceae não excederam mais do que três espécies de algas em cada uma delas. As Cyanophyceae, Crysophyceae e Euglenophycea foram representadas com apenas um táxon. As Cryptophyta são em sua maioria formadas por organismos unicelulares e flagelados e são especialmente abundantes em águas oligotróficas.
Em termos de riqueza (Figura 1), o ponto treze e quinze do Rio verde foram os mais ricos em algas (10 espécies). Já os trechos com baixa riqueza (menos que 5 táxons) foram do 1 ao 5.
Quanto à densidade de organismos fitoplanctônicos o trecho oito seguido do treze foram os que apresentaram maiores densidades com 150.862 indivíduos/mL e 142.857 indivíduos/mL, respectivamente
A ocorrência das cianofíceas se deu apenas em cinco trechos do Rio Verde e com densidades baixas, que são eles: trecho 5 (19.531 indivíduos/mL), trecho 7 (10.416 indivíduos/mL), trecho 12 (10.775 indivíduos/mL), trecho 14 (10.416 indivíduos/mL) e trecho 15 (20.833 indivíduos/mL). Essas densidades estão em torno do mínimo permitido pela legislação que regulamenta a densidade dessas algas para consumo humano (portaria 518/04).
Vale ressaltar, que de modo geral, esse rio é considerado como o mais oligotrófico dos estudados até o presente momento no projeto, o que é constatado pelos valores da densidade fitoplanctônica.
Bacterioplâncton – Dr Rodolfo Paranhos, UFRJ
Nesta campanha realizada em abril de 2007 foram coletadas 15 amostras e todas elas analisadas para a determinação da abundância de bactérias. Os valores registrados no rio Verde não foram baixos (entre 2,67 e 5,83 milhões de bactérias por mililitro), mas foram bastante homogêneos e sem grandes variações por todo o percurso do rio. A maior parte dos resultados é por volta de 3 a 4 milhões de células por mililitro. A pouca variação também foi o padrão para o fósforo e nitrogênio total, cujos valores reduzidos classificaram estas águas como oligotróficas.
Dentro desta pouca variação nas bactérias do rio Verde em abril de 2007, foi possível perceber algumas pequenas particularidades. No início do rio, observamos um maior percentual de células pequenas, que logo no segundo local de coleta já se modifica para o padrão observado ao longo do rio: o predomínio de células maiores e mais ativas. Mas na primeira metade das amostras estas bactérias maiores são mais de 70% do total das células contadas, e depois da metade este predomínio diminui para cerca de 60% do total. Esta distribuição pode estar relacionada aos valores de nitrato, um pouco maiores na porção final do rio Verde. Mas no geral esta homogeneidade dos valores de bactérias ao longo do rio Verde parece indicar um ecossistema em equilíbrio.