Região Hidrográfica do São Francisco
Área de abrangência
Área Total: 638.324 km², 8% do País
Alto São Francisco: da nascente do rio São Francisco até a cidade de Pirapora (MG) (área de 110.696 km2, correspondente a 17% área superficial da região);
Médio São Francisco: de Pirapora até Remanso (BA) (322.140 km2; 50% da região);
Sub-médio São Francisco: de Remanso até Paulo Afonso (BA) (168.528 km2; 26% da região); e o Baixo São Francisco: de Paulo Afonso até a foz do São Francisco (36.959 km2; 6% da região).
Países: Brasil (100%)
Estados: Minas Gerais (36,8%), Distrito Federal (0,2%), Goiás (0,5%), Bahia (48,2%), Pernambuco (10,9%), Alagoas (2,3%), Sergipe (1,1%)
Municípios: municípios –
Clima
Tipo Climático: O clima regional apresenta uma variabilidade associada à transição do úmido para o árido.
Temperatura: A temperatura média anual é da ordem de 27ºC, com variações entre 22º e 32ºC, e amplitude térmica anual baixa, características das regiões intertropicais. As regiões de cerrados são propícias à agricultura principalmente por sua temperatura constante, pela ausência de geadas, e pelas chuvas abundantes e regularmente distribuídas.
Precipitação: Apresenta média anual de 1.036 mm, sendo os mais altos valores na ordem de 1.400 mm – verificados nas nascentes do rio São Francisco e os mais baixos – cerca de 350 mm –, entre Sento Sé (BA) e Paulo Afonso (BA). O trimestre mais chuvoso é de novembro a janeiro, contribuindo com 55% a 60% da precipitação anual, enquanto o período mais seco é de junho a agosto.
Evapotranspiração: A evapotranspiração média é de 896 mm/ano, apresentando valores elevados em toda região: entre 1.400 mm (verificada no Sub-médio São Francisco) e 840 mm (no Alto). Os altos valores de evapotranspiração observados na região são função basicamente das elevadas temperaturas, da localização geográfica intertropical e da reduzida nebulosidade na maior parte do ano. A elevada evapotranspiração potencial, na maioria das vezes não compensada pelas chuvas, faz com sejam observados na região altos valores de déficit hídrico nos solos.
Disponibilidade e Usos da Água: A vazão média natural de longo período é estimada em 3.037 m³/s (ANA, 2002c). Porém, há perdas no sistema devido à alta evapotranspiração potencial, verificada principalmente no Submédio São Francisco. Esse fenômeno faz com que somente o reservatório de Sobradinho tenha sua perda por evaporação estimada em mais de 200 m³/s. As vazões observadas podem ser assim resumidas: i) vazão média anual: máxima de 5.244 m³/s; média de 3.037 m³/s; mínima de 1.768 m³/s; máxima mensal de 13.743 m³/s, ocorrente em março; mínima mensal de 644 m³/s, ocorrente em outubro e ii) vazão específica: 11,2 L/s/km² no Alto São Francisco, 5,5 L/s/km² no Médio, 0 L/s/km² no Submédio e 4,6 L/s/km² no Baixo São Francisco. A vazão específica nula verificada na região do Submédio se deve basicamente às elevadas perdas por evaporação.
Usos Potenciais
Geração de Energia: O potencial hidro-energético estimado é de 26.300 MW, e o potencial hidrelétrico instalado de 10.380 MW (16% do País), em 33 usinas em operação, das quais nove no próprio rio São Francisco (ANEEL, 2002). Esses aproveitamentos, construídos para geração de energia, também são usados para abastecimento, lazer e, principalmente, irrigação. O aproveitamento hidrelétrico do Rio São Francisco representa a base de suprimento de energia da região nordeste do País.
Navegação: No que se refere ao transporte hidroviário, o rio São Francisco apresenta dois trechos principais: o primeiro de 1.312 km entre Pirapora (MG) e Juazeiro (BA); e o segundo, com 208 km, entre Piranhas (AL) e a Foz. Esse último estirão tem na barra o maior obstáculo para navegação comercial. Além desses trechos, a jusante de Juazeiro, existem cerca de 150 km navegáveis até Santa Maria da Boa Vista (PE), com características não muito favoráveis, que, no entanto, não impedem a navegação. Assim, são cerca de 1.670 km navegáveis, aos quais se podem acrescentar outros 700 km de afluentes (Rio Paracatu – 104 km; Rio Corrente – 155 km; Rio Grande – 351 km; Rio das Velhas – 90 km) .
Pesca: É grande o potencial para o desenvolvimento da pesca, estimando-se em 600.000 a superfície do espelho d’água disponível. Neste total, estão incluídos o curso principal e os afluentes, os reservatórios das hidrelétricas e as barragens públicas e privadas.
Turismo e Lazer: Ainda são incipientes estas atividades na Região Hidrográfica do São Francisco, a despeito das possibilidades oferecidas por seus vários reservatórios, e do turismo ecológico e pesca no curso principal e afluentes. Nesse caso, o setor carece de definição de política e estratégia de uso racional dos lagos dos reservatórios como possibilidade de ofertar lazer de baixo custo à sociedade.
Aspectos Relevantes
Definir estratégias que resultem no aumento da segurança hídrica para o abastecimento doméstico e que compatibilize os múltiplos usos da água, tais como: abastecimento humano, irrigação, piscicultura, dessedentação animal, lazer e turismo em toda região hidrográfica .
Definir metas para compatibilizar os usos múltiplos da água, prioritariamente no Alto Médio São Francisco.
Resolver conflitos entre a demanda para usos consuntivos e insuficiência de água em períodos críticos, principalmente nos rios Verde Grande e Mosquito, no norte de Minas Gerais e no Sub-Médio São Francisco.
Implementar sistemas de tratamento de esgotos domésticos e industriais, principalmente no Alto São Francisco.
Racionalizar o uso da água para irrigação no Médio e Sub-Médio São Francisco.
Estabelecer estratégias de prevenção de cheias e proteção de áreas inundáveis, com ênfase no Alto São Francisco.
Implementar programas de revitalização para uso e manejo adequado dos solos, para controle de erosão e assoreamento na região metropolitana de Belo Horizonte, Serra do Espinhaço e vale do rio Abaeté, no Alto São Francisco; ao longo da Serra da Mangabeira e na parte sul do reservatório de Sobradinho, no Médio São Francisco; e no vale do rio Pajeú e em pontos isolados do Baixo São Francisco.
Aumentar a oferta hídrica por meio de novos reservatórios de regularização e revisão das regras operacionais dos existentes.
Melhorar as condições de navegabilidade na região hidrográfica.
Promover ações que induzam à implantação e o fortalecimento institucional que permita avançar na gestão descentralizada dos recursos hídricos.
População: 12.823.013 habitantes, 8% da população do País (ANA, 2002a), com maior concentração no Alto (50%) e Médio São Francisco (20%). Cabe, por sua vez, ao Sub-médio e ao Baixo São Francisco porcentagens da população de 17% e 13%, respectivamente. Na região hidrográfica como um todo, a população urbana representa 74% da população total.
Densidade Demográfica: 20 hab/km², enquanto a média brasileira é de 19,8 hab/km². Destaca-se no Alto São Francisco a região metropolitana de Belo Horizonte com cerca de 4,5 milhões de habitantes.
Para saber mais, visite a página da ANA sobre a RH do São Francisco